18 de março de 2013

Psico-oncologia de que falamos?                       
Como podemos aferir, a componente psicológica na compreensão do desenvolvimento do cancro, na adaptação ao mesmo e no seu tratamento é cada vez mais reconhecida. Existindo mesmo uma subespecialidade científica, a psicologia oncológica ou psico-oncologia, que se debruça sobre a investigação e a intervenção nas perturbações psicossociais associadas ao diagnóstico e tratamento do doente com cancro, da sua família e do serviço de saúde (Holland, 1989, citado por Pereira & Lopes, 2005). Do ponto de vista histórico vale a pena lembrar que, desde a Antiguidade, o cancro tem sido associado a estados emocionais, embora apenas nos nossos dias essa associação tenha adquirido mais clareza, bem como a necessidade de combinar tratamento do cancro com cuidados psicológicos (Veit & Carvalho, 2008).
A psico-oncologia é relativamente recente e constitui-se numa área do conhecimento da psicologia da saúde (Veit & Carvalho, 2008), que se desenvolveu com base na necessidade de interligar conhecimentos, estudos e interesses da oncologia e da psicologia para estudar as dimensões psicológicas presentes no diagnóstico de cancro (Neme, 2010). De modo semelhante, Gimenes (1994, citado por Carvalho, 2002; Júnior, 2001; Veit, & Carvalho, 2008) define psico-oncologia como uma área de interface entre a oncologia e a psicologia, tomando por base conceções de saúde e doença inerentes ao modelo biopsicossocial que se ocupa com a (1) identificação do papel de fatores psicossociais, tanto na etiologia quanto no desenvolvimento da doença; (2) a identificação de fatores de natureza psicológica envolvidos na prevenção e reabilitação do doente oncológico; (3) e com a sistematização de um corpo de conhecimentos que possa fornecer informação tanto à assistência integral do paciente oncológico e de sua família, como também à formação de profissionais de saúde envolvidos no tratamento.
Tendo em consideração as investigações efetuadas ao longo do tempo, compreende-se que o acompanhamento psicológico não só do paciente oncológico, como também dos seus familiares, em todas as etapas do tratamento, reveste-se numa componente indispensável do processo oncológico (Bearison & Mulhern, 1994; Carvalho, 1994; Dahlquist, Czyzewski & Jones, 1996; Gimenes, 1996 citados por Júnior, 2001). Neste sentido, a psiconeuroimunologia tem vindo a confirmar que estados psicológicos “saudáveis” poderão ser promissores de uma evolução mais positiva da doença, uma vez que se o doente estiver fragilizado psicológica e emocionalmente o sistema imunitário ficará igualmente frágil, não respondendo de modo tão favorável aos tratamentos (Tapadinhas, & Ribeiro, 2004).
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Referências Bibliográficas:
Carvalho, M. M. (2002). Psico-oncologia: história, características e desafios. Psicol. USP, 13, 1, 151-166.
Junior, A. L. C. (2001). O desenvolvimento da psico-oncologia: implicações para a pesquisa e intervenção profissional em saúde. Psicologia cienc. prof.21, 2, 36-43.
Neme, C. M. B. (2010). Pisco-oncologia: caminhos e perspectivas. São Paulo: Summus editorial.
Pereira, M. G., & Lopes, C. (2002). O doente oncológico e a sua família. Lisboa: Climepsi editores.
Tapadinhas, A. R., & Ribeiro, J. L. (2004). Estratégias de coping face ao adoecer da mama: estudo com o questionário Brief COPE. In J. Ribeiro & I. Leal (Eds.), A psicologia da saúde num mundo em mudança: resumos do 5º congresso nacional de psicologia da saúde (pp. 545-550). Lisboa: Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde.
Veit, M. T., & Carvalho,V. A. (2008). Psico-oncologia: definições e área de atuação. In V. A. Carvalho, etal. (Eds.), Temas em Psico-Oncologia (pp. 15-19). São Paulo: Summus.

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