Como podemos aferir, a
componente psicológica na compreensão do desenvolvimento do cancro, na
adaptação ao mesmo e no seu tratamento é cada vez mais reconhecida. Existindo
mesmo uma subespecialidade científica, a psicologia oncológica ou
psico-oncologia, que se debruça sobre a investigação e a intervenção nas
perturbações psicossociais associadas ao diagnóstico e tratamento do doente com
cancro, da sua família e do serviço de saúde (Holland, 1989, citado por Pereira
& Lopes, 2005). Do ponto de vista histórico vale a pena lembrar que, desde
a Antiguidade, o cancro tem sido associado a estados emocionais, embora apenas
nos nossos dias essa associação tenha adquirido mais clareza, bem como a
necessidade de combinar tratamento do cancro com cuidados psicológicos (Veit
& Carvalho, 2008).
A psico-oncologia é relativamente recente e
constitui-se numa área do conhecimento da psicologia da saúde (Veit & Carvalho,
2008), que se desenvolveu com base na necessidade de interligar conhecimentos,
estudos e interesses da oncologia e da psicologia para estudar as dimensões
psicológicas presentes no diagnóstico de cancro (Neme, 2010). De modo
semelhante, Gimenes (1994, citado por Carvalho, 2002; Júnior, 2001; Veit, &
Carvalho, 2008) define psico-oncologia como uma área de interface entre a
oncologia e a psicologia, tomando por base conceções de saúde e doença
inerentes ao modelo biopsicossocial que se ocupa com a (1) identificação do
papel de fatores psicossociais, tanto na etiologia quanto no desenvolvimento da
doença; (2) a identificação de fatores de natureza psicológica envolvidos na
prevenção e reabilitação do doente oncológico; (3) e com a sistematização de um
corpo de conhecimentos que possa fornecer informação tanto à assistência
integral do paciente oncológico e de sua família, como também à formação de
profissionais de saúde envolvidos no tratamento.
Tendo em consideração as investigações efetuadas ao
longo do tempo, compreende-se que o acompanhamento psicológico não só do
paciente oncológico, como também dos seus familiares, em todas as etapas do
tratamento, reveste-se numa componente indispensável do processo oncológico
(Bearison & Mulhern, 1994; Carvalho, 1994; Dahlquist, Czyzewski &
Jones, 1996; Gimenes, 1996 citados por Júnior, 2001). Neste sentido, a
psiconeuroimunologia tem vindo a confirmar que estados psicológicos “saudáveis”
poderão ser promissores de uma evolução mais positiva da doença, uma vez que se
o doente estiver fragilizado psicológica e emocionalmente o sistema imunitário
ficará igualmente frágil, não respondendo de modo tão favorável aos tratamentos
(Tapadinhas, & Ribeiro, 2004).
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Referências
Bibliográficas:
Carvalho, M. M. (2002). Psico-oncologia: história, características e desafios. Psicol. USP, 13, 1, 151-166.
Carvalho, M. M. (2002). Psico-oncologia: história, características e desafios. Psicol. USP, 13, 1, 151-166.
Junior, A. L. C. (2001). O desenvolvimento da
psico-oncologia: implicações para a pesquisa e intervenção profissional em
saúde. Psicologia cienc. prof., 21, 2, 36-43.
Neme, C. M. B. (2010). Pisco-oncologia: caminhos e perspectivas. São Paulo: Summus editorial.
Pereira, M. G., & Lopes, C. (2002). O doente oncológico e a sua família. Lisboa: Climepsi editores.
Tapadinhas, A. R., & Ribeiro, J. L. (2004). Estratégias de coping face ao adoecer da mama: estudo com o questionário Brief COPE. In J. Ribeiro & I. Leal (Eds.), A psicologia da saúde num mundo em mudança: resumos do 5º congresso nacional de psicologia da saúde (pp. 545-550). Lisboa: Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde.
Veit, M. T., & Carvalho,V. A. (2008). Psico-oncologia: definições e área de atuação. In V. A. Carvalho, et. al. (Eds.), Temas em Psico-Oncologia (pp. 15-19). São Paulo: Summus.
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