16 de dezembro de 2013

Um olhar sobre os profissionais de saúde                                              
Ao longo da nossa vida e do nosso quotidiano é comum cuidarmos de alguém, ora dos nossos pais, ora dos nossos amigos, ora dos nossos companheiros, ora dos nossos filhos ou mesmo através da profissão ou ação de voluntariado de um conjunto alargado de indivíduos. Como podemos facilmente compreender quando falamos de cuidado temos inerente, desde logo, a existência de uma pessoa que assume o papel de cuidador e de outra que assume o papel de cuidado, sendo que cada um dos elementos da relação tem as suas singularidades (Liberato, & Carvalho, 2008), levantando-se, não raras vezes, a questão: “então e quem é que cuida do cuidador?”.
Quando transportamos esta questão para a doença oncológica, percebemos que, comummente, as atenções tendem a estar (mais) focadas no apoio ao doente, ao cuidado, e menos ao cuidador (Liberato, & Carvalho, 2008). Contudo, este último também sofre, uma vez que, todos aqueles que lidam direta ou indiretamente com o doente tendem a “vivenciar” o mesmo processo, ainda que, de forma paralela (Pereira & Lopes, 2005).
E os profissionais de saúde constituem um verdadeiro exemplo disso! Enquanto equipa que trabalha constantemente com o doente oncológico, estes elementos precisam de atenção pois, além de estarem sujeitos, diariamente, a um conjunto de exigências instrumentais e emocionais, lidam com uma grande pressão psicológica. Assistem ao desespero, ao sofrimento físico, ao medo, à proximidade da morte, à injustiça, ao sentimento de revolta, ao inadiável fim da vida, a um conjunto alargado de sentimentos intensos manifestados pelos doentes oncológicos (Liberato, & Carvalho, 2008). Parecendo assim evidente que, por muito que se procure o chamado “alheamento” técnico, dificilmente alguém conseguirá ficar absolutamente indiferente a todos estes sentimentos manifestos pelo outro que, em tantos momentos, se nos torna tão próximo (Liberato, & Carvalho, 2008). Deste modo, segundo a literatura, acredita-se que à semelhança do próprio doente oncológico, a expressão emocional do profissional se revela como um aspeto fundamental (Liberato, & Carvalho, 2008), na medida em que, funciona como fator protetor na prevenção da origem e desenvolvimento de algumas problemáticas, hoje já tão frequentes, como são exemplo, o esgotamento psicológico e o síndrome burnout.

Referências bibliográficas:
Liberato, R. P., & Carvalho, V. A. (2008). Estresse e síndrome de burnout em equipas que cuidam de pacientes com câncer: cuidando do cuidador profissional. In V. A. Carvalho, et. al. (Eds.), Temas em Psico-Oncologia (pp. 556-571). São Paulo: Summus.
Pereira, M. G., & Lopes, C. (2005). O doente oncológico e a sua família. Lisboa: Climepsi editores.